segunda-feira, 25 de junho de 2012

Resenha do filme Como estrelas na Terra

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Resenha do filme Como estrelas na Terra


O filme “Como estrelas na Terra” relata a história de Ishaan, um menino que apresentava muitas dificuldades em ler e escrever e que estava cursando a terceira série pela segunda vez.
O aluno repetia sempre os mesmos erros, não prestava atenção nas aulas e, tanto para os pais como para os professores, Ishaan não conseguia aprender porque era preguiçoso, burro, desobediente e não levava os estudos a sério, talvez porque aparentemente não demonstrasse ter nehuma deficiência.
Ao ver que Ishaan não conseguia aprender e que provavelmente repetiria o ano outra vez, seus pais resolveram mandá-lo para um colégio interno. No entanto, a situação continuou a mesma, tendo em vista que as queixas dos novos professores eram as mesmas dos anteriores. Contudo, as dificuldades somadas à distância da família agravaram a situação, fazendo com que Ishaan se fechasse e isolasse dos demais.
A vinda de um professor substituto de artes mudaria a vida do menino. Todavia, este já estava tão contaminado com o olhar negativo dos professores e do próprio pai que nem se interessou por Ram Shankar Nikumbh.
Ram, o novo professor de artes, ao perceber que Ishaan não se envolvia nas atividades propostas resolveu se aproximar do garoto e, não obtendo sucesso, aproximou-se de seu amigo. Ao saber que Ishaan não conseguia aprender a ler e escrever, Ram consultou os seus cadernos que ficavam na escola e foi até a casa de seus pais a fim de conhecer melhor o garoto e suas dificuldades. Chegando lá, constatou que havia um certo padrão, ou seja, Ishaan repetia sempre os mesmos erros, confundia letras similares como b e d, por exemplo, invertia outras e misturava palavras com grafias parecidas. O professor percebeu então que o garoto tinha dislexia.
Voltando ao colégio, Ram pediu ao diretor que permitisse que ele trabalhasse com Ishaan a fim de superar suas dificuldades na leitura e na escrita. Para isto, o professor utilizou a escrita do alfabeto por meio da areia, de pincéis com tintas, dos dedos, da massinha, enfim, trabalhou com atividades concretas para posteriormente utilizar o caderno.
O menino conseguiu superar grande parte das suas dificuldades, aprendeu a ler e escrever e voltou a pintar. Porém, mais do que aprender a ler e escrever, Ishaan aprendeu a sentir prazer em realizar atividades que antes o deixavam entediado, adquiriu autonomia para realizar atividades simples como amarrar os sapatos e aprendeu a viver com maior felicidade, tendo em vista que suas dificuldades não o tornavam menor nem pior que os demais, apenas diferente.
Embora a temática abordada pelo filme não seja nova, ela é extremamente atual, uma vez que, a inclusão constitui um dos temas mais discutidos e combatidos da atualidade.
“A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais.” Em consonância com este documento, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, em seu artigo 58 entende a educação especial como uma modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para alunos com necessidades especiais.
Tendo em vista as garantias feitas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, muito me chamou a atenção o diálogo entre o professor Ram e o diretor da escola, onde o segundo, ao ouvir do primeiro que Ishaan tinha dislexia disse que uma escola especial seria o seu lugar.
Este discurso é ainda muito comum entre professores e gestores que tentam, por vezes, abdicar da responsabilidade que possuem com relação ao processo de ensino e aprendizagem das pessoas com deficiência, algumas vezes por inexperiência, outras por desconhecimento, outras por falta de estrutura e muitas vezes por preconceito e falta de vontade, como se a escola regular fosse feita apenas para alguns.
Ao dizer ao diretor que no mundo, não importam os problemas que tenham, todas as crianças possuem o direito de estudar juntas, em qualquer escola, Ram está apenas repetindo o que a legislação prevê, mas é encarado como se estivesse dizendo um completo absurdo. Por isso disse acima que a inclusão é ainda um dos temas mais combatidos da atualidade.
As salas lotadas, lembradas pelo diretor, realmente dificultam a atenção individual que precisa ser dada aos alunos, mas muitas vezes existem barreiras mais difíceis de serem transpostas.
Para além da demagogia, gostaria de chamar atenção para a atuação do professor temporário que conseguiu perceber as dificuldades do aluno e empenhou-se em superá-las, pois, embora a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva estabeleça uma série de garantias para efetivar o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos, como a acessibilidade e a articulação intersetorial, por exemplo, o que há de mais importante para o processo de inclusão na rede regular de ensino é o olhar do professor, uma vez que, embora hajam espaços e materiais adaptados, não havendo um professor capacitado, que olhe individualmente para os alunos e empenhe-se em seu trabalho por acreditar que todos possuem o direito de frequentar a escola e serem atendidos em suas especificidades por ela, todo o processo fica comprometido.
Assim sendo, o filme Como estrelas na Terra é uma referência para os que pensam sobre o processo de inclusão, tendo em vista que, contemplou elementos reais no roteiro, como a dificuldade da família em identificar e aceitar as dificuldades do filho, a falta de preparo e formação da maior parte dos professores e gestores para lidar com a inclusão, a ausência, em boa parte dos casos, de uma lei que seja praticada e que não fique apenas no discurso, a dificuldade de educar meninos para um mundo cada vez mais competitivo e excludente, a avaliação quantitativa, que nem sempre demonstra o que o aluno sabe, como se o conhecimento pudesse ser medido, a exclusão, que muitas vezes começa dentro de casa, e por fim, a figura de um professor que acolhe e que olha para seus alunos com amorosidade, sendo capaz de enxergar as habilidades que cada um possui.


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Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.


Pensando a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

Segundo a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva,

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo:
·         Transversalidade da educação especial desde a Educação Infantil até a Educação Superior;
·         Atendimento educacional especializado;
·         Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;
·         Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar;
·         Participação da família e da comunidade;
·         Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e
·         Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2007, p.8).

Dessa forma, todas as pessoas têm direito ao acesso e permanência na escola, bem como, que sua aprendizagem seja efetiva. No entanto, esbarramos em inúmeras dificuldades que afetam a inclusão de pessoas com deficiência.
A primeira garantia listada pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva diz respeito à Transversalidade da Educação Especial desde a Educação Infantil até a Educação Superior. Contudo, esta garantia se esbarra em uma organização curricular fechada, com disciplinas lineares, isoladas, onde não há diálogo entre os conteúdos e cuja centralidade restringe-se às disciplinas de português e matemática.
A segunda garantia refere-se ao Atendimento Educacional Especializado. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva,

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2007, p.10).

Este atendimento constitui, segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, oferta obrigatória dos sistemas de ensino, devendo ocorrer no período inverso ao da classe comum. Porém, muitas escolas não possuem salas disponíveis para que o atendimento educacional especializado ocorra no contraturno, nem recursos e profissionais capacitados.
A terceira garantia refere-se à Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino. Todavia, os alunos com necessidades educacionais especiais, em sua grande maioria, mal chegam a frequentar a Educação Infantil nas escolas comuns, sendo rapidamente encaminhados às instituições ou classes especiais por serem julgados incapazes de se adequar a um sistema de ensino excludente. Boa parte destes alunos é desacreditada ao invés de estimulada pelos professores e dificilmente os encontramos pelos corredores das universidades. Além disso, os desafios desta garantia relacionam-se aos da quarta garantia, referente à Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação, visto que, o Brasil, assim como outros países, possui uma história de exclusão não só das pessoas com deficiência, como também das pessoas desfavorecidas economicamente, dos negros, entre outros. Tal exclusão inicia-se muitas vezes na escola. Ainda hoje é comum ouvir alguns professores dizendo que tal aluno não aprende mesmo, que não deveria estar frequentando a escola comum e que acaba atrapalhando os demais alunos.
Existe uma grande resistência entre boa parte dos professores em aceitar os alunos com deficiência nas salas de aula em que atuam. Aliado a isso, grande parte dos gestores, diretores e supervisores possuem pouco conhecimento referente à inclusão, reforçando muitas vezes o comportamento excludente de alguns professores. Discute-se muito pouco sobre as formas de garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, como se fosse natural que alguns alunos se destacassem e outros fossem excluídos de um sistema educacional que não foi pensado para atender a todos, aqueles a quem a Constituição garante o direito à educação. Isso faz com que poucos profissionais percebam a necessidade e queiram adquirir formação.
A quinta garantia refere-se à Participação da família e da comunidade, uma vez que, para incluir as pessoas com deficiência é necessário o envolvimento tanto de uma quanto de outra. É preciso que a família confie na escola e em seus profissionais e que a comunidade entenda que a educação é um direito de todos. Para isso, faz-se necessário que a escola crie possibilidades de interação e envolvimento entre ela, a família e a comunidade.
A sexta garantia refere-se à Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação. Ou seja, para que ocorra a inclusão não basta ter profissionais capacitados se não houver um mobiliário acessível aos alunos, se a estrutura física da escola e o transporte não forem adaptados, e se a comunicação não atingir a todos, permitindo assim, a convivência e a aprendizagem dos alunos em um ambiente que favoreça a autonomia.
A sétima garantia refere-se à Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Dessa forma, tendo em vista as garantias, advindas dos mais variados setores, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva só acontecerá mediante um trabalho conjunto de ações em que educação se responsabilizaria por formar profissionais capacitados ao atendimento educacional especializado e à inclusão escolar, criaria maneiras para envolver a família e a comunidade, mas necessitaria de outros setores para dar conta de outras garantias, como a acessibilidade, por exemplo.
Logo, faz-se necessário um trabalho conjunto, que possibilite aos alunos serem tratados como sujeitos de direitos e sentirem-se incluídos desde o tratamento recebido dos profissionais que os recebem no portão da escola até os professores e gestores desta, bem como da comunidade em geral. É preciso também uma formação política por parte tanto dos profissionais da educação quanto da família e da comunidade, a fim de acionarem o poder público para que propicie meios efetivos que possibilitem a inclusão. Enfim, os desafios são muitos, mas é maior ainda o número de pessoas que precisa ser incluído nas classes comuns, que possui o direito ao acesso, à participação e à aprendizagem.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:


Acesso em 28 de maio de 2012.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entrevista Paulo Freire

Quando a escola é de vidro (Ruth Rocha)

Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia para a escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que agente estudava.
Se você estava no primeiro ano ganhava um vidro de um tamanho.
Se você fosse do segundo ano seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo à medida que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano, era um horror.
Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado?
Coubesse ou não coubesse.
Aliás nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E pra falar a verdade, ninguém cabia direito.
Uns eram muito gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
Os muitos altos de repente se esticavam e as tampas dos vidros saltavam longe, às vezes até batiam no professor.
Ele ficava louco da vida e atarraxava a tampa com forço, que era pra não sair mais.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava...
As meninas ganhavam uns vidros menores que os meninos.
Ninguém queria saber se elas estavam crescendo depressa, se não cabiam nos vidros, se respiravam direito...
A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física.
Mas aí a gente já estava desesperado, de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.
As meninas, coitadas, nem tiravam os vidros no recreio.E na aula de Educação Física elas ficavam atrapalhadas, não estavam acostumadas a ficarem livres, não tinham jeito nenhum para Educação Física.
Dizem, nem sei se é verdade, que muitas meninas usavam vidros até em casa.
E alguns meninos também.
Estes eram os mais tristes de todos.
Nunca sabiam inventar brincadeiras, não davam risada á toa, uma tristeza!
Se a gente reclamava?
Alguns reclamavam.
Então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida.
A minha professora dizia que ela sempre tinha usado vidro, até para dormir, por isso é que ela tinha boa postura.
Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer á vontade.
Então a professora respondeu que era mentira.Que isso era conversa de comunistas.Ou até coisa pior...
Tinha menino que tinha até que sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros.E tinha uns que mesmo quando saiam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que estranhavam sair dos vidros.
Mas uma vez veio para a minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que era pobre.
Ai não tinha vidro pra botar esse menino.
Então os professores acharam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo...
Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro.
Engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firuli respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
Os professores não gostavam nada disso...
Afinal, o Firuli podia ser um mau exemplo pra nós...
Nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até meio que gozava a cara da gente que vivia preso.
Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.
Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um.
Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
_Se Firuli pode por que é que nós não podemos?
Mas dona Demência não era sopa.
Deu um croque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro...
Já no outro dia a coisa tinha engrossado.
Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros.
Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo que era o diretor lá da escola.
Hermenegildo chegou muito desconfiado:
Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli.È um perigo esse tipo de gente aqui na escola.Um perigo!
A gente não sabia o que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
Seu Hermenegildo não conversou mais.Começou pegar os meninos um por um e enfiar á força dentro dos vidros.
Mas nós estávamos loucos para sair também, e para cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro, já tinha dois fora.
E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era para ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais e dona Demência já estava na janela gritando:
_SOCORRO! VÂNDALOS! BÁRBAROS!
(Pra ela bárbaro era xingação).
Chamem os Bombeiros, o Exército da Salvação, a Polícia Feminina...
Os professores das outras classes mandaram cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo.
E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6ª série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar.
Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria toda de novo.
Então diante disso seu Hermenegildo pensou um bocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais.
E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
Dona Demência, que apesar do nome não era louca nem nada, ainda disse timidamente:
_Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...
Seu Hermenegildo não se perturbou:
_Não tem importância.A gente começa experimentando isso.Depois a gente experimenta outras coisas...
E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...
 
http://vamos%20de%20junho%20de%20educar.blogspot.com.br/2008/09/quando-escola-de-vidro.html
Acesso em 18 de junho de 2012.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"CONHECER CRITICAMENTE O QUE EXISTE É CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA SUPERÁ-LO". ( DGIORGI)
A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal.
Emilia Ferreiro